A vida é uma grande estrada da qual somos os viajantes, indiferentemente do destino e da origem o momento mais importante é e sempre será o atual. Esse eterno agora a partir do qual podemos analisar o próximo passo. Somos constantemente dados a oportunidade de avaliar a rota conduzida até agora, aprender com percalços eventualmente passados e seguir. A escolha de se avaliar o passado é sempre opcional, contudo trazemos sempre marcas, conscientes ou não, de avarias ao longo do caminho.
As vezes numa batida, o guidão da bicicleta ficou avariado e puxa um pouco para esquerda. O freio está um pouco estranho e a corrente precisa de óleo. Muitas vezes não notamos isso e seguimos. Podemos seguir com a bicicleta assim sem ouvir os sinais de moléstia, ou parar e entender que há algo errado, analisar, arrumar algum jeito de melhorar a condução e seguir. Perdoar o passado é uma escolha para deixar-se ir adiante. Às vezes não temos as ferramentas ou o barulho é muito baixo para se perceber, mas esse é o único caminho da reinvenção. Do seguir. Do estar.
Por outro lado o horizonte é tão distante que não podemos estar sempre presos à chegar. Pois como tudo é relativo, lá também será um ponto intermediário entre momentos. De lá também se poderá analisar novos horizontes e essa é a mágica da vida. Como todos os locais são centros de si somos uma infinidade de pores de sol.
A vida é muita curta para não sermos responsáveis pela nossa própria condução. Por muitos anos da minha vida, se não ela em sua totalidade, busquei resposta para vazios interiores, traumas desconhecidos em ocasiões, trabalhos e relacionamentos que me preenchessem. Me vi prendendo minha bicicleta em outras que também estavam avariadas, não para ir junto... mas para ser rebocado da minha condição. As retardando e sem reparar a minha.A vida é curta para concedermos o sentido de nossas escolhas aos outros. Para buscar o ouro no final do arco-íris.
Uma vez me foi dito que se não buscarmos ativamente nossos sonhos, estaremos certamente vivendo o sonho de outra pessoa. Decidi dizer basta para o futuro pré-determinado fortemente nos meus medos do passado, nos medos de projeções que me dominavam décadas para trás e para a frente. Sinto que vivia preso num lapso de tempo maior do que eu, enquanto na verdade tudo era apenas receio. Reconheço ele ainda e mim, mas me sobrou encará-lo e tentar o que me faz inteiro.
Makaxera possui dois significados que se alinham com meus sentimentos sobre a realidade a se seguir. Por um lado o da raiz que possui importância cultural e nutricional para o Brasil e muitos outros países das Américas, Ásia e África e é também um símbolo de conexão forte com a terra, com a ancestralidade. O reconhecimento das origens. Por outro lado, Makaxera em Tupi-guaraní, também se refere a um ser mítico: um espírito, o "gênio dos caminhos", "aquele que cuida dos viajantes", dos processos, do seguir. A devoção ao agora, ao encontro.
Nesse sentido nasce a Makaxera, iniciativa e trabalho para contar histórias de locais, pessoas e territórios. Um portal para fora de mim mesmo com o qual convido todos para virem juntos e compartilhar um pouco desse hoje enraizado que tento praticar através de minha arte e vontade de seguir.
É muito bom contar com você. Obrigado!
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